domingo, junho 11, 2006

pequena homenagem

Raramente escrevo aqui duas vezes no mesmo dia. Às vezes passo mesmo alguns dias sem escrever o que quer que seja. Mas hoje tive de o fazer.
Prestar uma homenagem a alguém muito jovem que, soube hoje (já que passei a semana sem falar com os meus pais), nos deixou no passado domingo... A notícia do desaparecimento do B. deixou-me muito triste. Sei que a situação dele não era simples. Desde há um pouco mais de três anos que não o era.
O B. era um miúdo de 24 anos com quem trabalhei... dei-lhe explicações de Matemática quando andou no 12.º Ano e depois nos primeiros anos do I.S.T. Ficámos amigos nessa altura, embora eu já o conhecesse desde sempre. Um miúdo divertidíssimo, cheio de vida, com um sentido de humor muito apurado.
Depois de se ter detectado o tumor, o B. nunca baixou os braços. Nem mesmo aquando da amputação de uma das pernas. Ficou triste, na altura, apenas porque as pessoas se afastaram um pouco. Tentei explicar-lhe que as pessoas têm dificuldade em lidar com este tipo de situações, às vezes nem sabem o que dizer. Ele não conseguia compreender.
Eu próprio passei seis meses sem o ver, quando esteve internado em Coimbra. Lembro o dia em que ele regressou à nossa aldeia. Enquanto estive com ele, tive sempre a sensação de olhar para a perna que já não estava lá. Foi difícil, era doloroso para mim, mas mantive sempre o contacto com ele!!!
Desde que vim para o Luxemburgo o contacto passou a ser mais esporádico. Mas pensava muitas vezes nele.
Ultimamente tenho reflectido bastante sobre a irreversibilidade das coisas. Esta situação, sim, é irreversível...
O B. desapareceu... Já não vai lá estar quando eu regressar, daqui a um mês, nas férias...
Que estejas bem, agora, onde te encontras!
Saudade

2 Comments:

Blogger Unknown said...

ola

Esta eh uma situacao que, infelizmente, percebo bem. Perdi uma amiga ha pouco mais de um ano e tambem ela era uma licao de vida. Com ela aprendi a ser mais positiva, a rir de todas as situacoes. E esta tua homenagem soh e ultrapassada pelo facto de teres estado sempre com ele.
Ser amigo/a de alguem doente, principalmente quando sabemos ser uma doenca termnal, nao eh facil, mas eh sempre compensatorio porque a percepcao da vida que adquirimos da-nos forca para podermos ajudar esses de quem gostamos.
e por vezes somos surpreendidos quando nos apercebemos que ha pessoas em situacoes bem dificeis que sao ainda capazes de nos emprestar um pouco de forca.

bjs
Patricia

ps. como se pode ver nao ha acentos... estou em Vancouver e nos teclados dos computadores nao ha disso....

4:02 da tarde  
Blogger caracteresdifusos said...

Entendo perfeitamente esta situação e o que se pode sentir face a tudo isto. É nisto que o meu espírito filosófico se acentua um pouco mais e as questões colocam-se de modo inquietante.
É profundo o teu escrito. Esta homenagem evoca o teu bonito sentimento, a tua sensibilidade, com um coração puro.
Fica bem e continua sempre a escrever.
Abraço.
Caracteres

2:44 da manhã  

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